O dilema das (culpadas?) redes sociais

Ufa, a culpa do meu filho estar viciado nas redes sociais não é minha! De acordo com o documentário exibido pela NetFlix “O Dilema das Redes” o vício nas redes sociais é arquitetado detalhadamente por mentes brilhantes que se esforçam em construir mecanismos que garantem nossa permanência nos aplicativos.

Eu não tenho dúvida que isto é verdade… os botões de Like e Curtir, as atualizações constantes de conteúdo relevante, o rollout infinito (sempre trazendo mais coisas interessantes), as notificações, o compartilhamento de postagens – tudo planejado exaustivamente para manter a atenção do usuário, que é iludido como que por mágica (esta é uma das analogias usada no documentário).

A manipulação é coisa antiga… bem mais do que a banda Metallica apresentou no seu trabalho Master of Puppets:

“Mestre das marionetes, estou puxando suas cordas Torcendo sua mente e esmagando seus sonhos”

Não chega a ser novidade que produtos sejam projetados para serem viciantes. Os cigarros são um bom exemplo: produtos que geram dependência são acrescentados na composição para garantir que o público fique cativo. Nesta linha o documentário Dilema das Redes também traz a “curiosidade” que apenas duas indústrias chamam seus consumidores de usuários: drogas e tecnologia.

A razão de transformar os consumidores em “fantoches” é apresentada como um “desvio” do capitalismo, que usa dados pessoais para traçar perfis de consumo e comportamento, o que permite propagandas direcionadas, o cálice sagrado dos profissionais de vendas que nunca sonharam em algo parecido nos seus cursos de Propaganda e Marketing.

Nem todas armadilhas são tão óbvias!

O pior é que “damos” estas informações gratuitamente! A frase “Se o produto é gratuito, você é o produto” mostra bem como ingenuamente não percebemos o quão valioso são nossos dados.

Tanto é verdade que o Presidente Donald Trump está retaliando o uso do Tik Tok (rede social chinesa) acusando de espionagem.

Afinal, quem é o culpado?

Se por um lado o capitalismo não mede esforços para buscar o lucro a qualquer custo, pedindo ajustes aos berros para as crueldades que gera, as experiências socialistas do mundo real podem ser retratadas pela obra de ficção 1984 de George Orwells: dar poder ao Estado em detrimento às liberdades individuais não parece ser uma boa ideia.

Mas então… de quem é a culpa?

Encontrar um “culpado” vai resolver o problema?

Seria fácil poder colocar a culpa em algo externo… mas esta saída é fácil e sempre desconfio quando esta reconfortante opção se apresenta. Culpar os algoritmos malvadões do Facebook, Youtube, Instagram e outros que nos manipulam e viciam seria muito acolhedor e eximiria a mea culpa. Um excelente exemplo de que não dá pra fugir da responsabilidade é o WhatsApp, onde só recebemos e enviamos mensagens de pessoas e grupos que escolhemos. Nada de algoritmo maldoso.

E ninguém duvida de que o WhatsApp pode ser usado para o bem (fugindo da ditadura de uma imprensa cheia de más intenções) quanto para o mal (factoides, “posições de fala”, notícias falsas, narrativas, direitos de minorias com objetivo de segregar, e por ai vai). É uma m&rd@ mas conheço pessoas com pós-graduação buscando informações técnicas sobre o COVID-19 em sites de fofoca, pois lá o digital influencer “aumenta mas não inventa”. O que me leva a conclusão de que NÓS SOMOS o mal que se propaga pelas redes. NÓS procuramos lixo na internet para reforçar nossas crenças. NÓS sabemos que a procura de fatos e de verdade é trabalho e nem sempre dispara a dopamina que encontramos nas notícias sensacionalistas (e por isso viciantes).

Mr. Magoo e sua ingênua simplicidade

O perigo é confundir documentário, um filme INSPIRADO em fatos (NÃO SÃO FATOS!) e que apresenta a OPINIÃO DO DIRETOR por intermédio de outras pessoas (no caso, os atores e ex-funcionários).

Fica bem claro que para combater as redes sociais malvadas será necessário criar alguns mecanismos de defesa e controle (????!!!!) para evitar tais abusos. Alguns dos protagonistas até se candidatam a tal “fardo”.

Sei… você só quer o melhor pra mim…

Para quem é de comunicação também pode notar que no início e no fim do documentário são apresentadas situações “clássicas” para atrair a empatia de quem está vendo. Por exemplo, os depoentes não começam a falar diretamente, eles são mostrados entrando e se ajeitando, em situações até de silêncio constrangedor. Para alguns já gerou empatia e confiança. Técnicas, técnicas, técnicas… E no final, são apresentadas algumas sugestões, além da criação do grande controlador que nos salvará. O documentário apresenta algumas sugestões, que são meio “batidas”, mas até válidas.

Revisito, altero e dou meus pitacos. Não quer dizer que já faço tudo isso sempre…

Celular não deve entrar no quarto. Nem televisão. Nem equipamento sonoro. Nem mediocridade…

Cama foi feita para criança dormir!
E ser arrumada pela manhã!

Celular não deve ser a primeira coisa a ser usada no dia. “Vai escovar os dentes menino, está com bafo de salamandra!”

Outra sugestão é a de substituir o celular por outro hábito. Meditação é válida se o filho já tiver idade e principalmente se você puder servir como exemplo!

Limitar o uso do celular, mesmo que para fins “nobres”, como pesquisa escolar. A sugestão é usar a técnica pomodoro. Funciona muito bem pra mim quando falta disciplina!

Dar  exemplo. Bons exemplos! Eu sei… não é fácil. Eu tentei ensinar meu filho a jogar pião. Que fiasco! Os amigos dele não jogavam! Ele nem olhou!

A concorrência é desleal (TV, celular, tablet…) mas se os dois estiverem interessados (e envolvidos!) é possível. Nem que seja para você jogar os jogos que seu filho gosta.

Seu filho vai gostar dos jogos que os amigos dele gostam!

Novamente, somos os espelhos onde nossos filhos se inspiram. Pelo menos para os defeitos eu posso garantir que eles assimilam com uma velocidade espantosa! Querer que eles mudem sem mudarmos é ridículo.

Então você acha que pode ser viciado e não influenciar seu filho?
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