Liberdade para experimentar a vida

Iniciei falando sobre liberdade com o tema “Será que somos livres realmente” e depois “4 dicas para viver com mais liberdade”. Dessa vez, queria falar um pouco de como a busca pela liberdade interior pode ser caminho ao encontro do seu EU mais íntimo, e uma boa oportunidade de se conhecer melhor.

Para mim esse momento tem sido uma redescoberta de mim mesmo, de poder olhar para minha criança carente, meu adolescente excitado com toda essa vida lá fora e sair um pouco desse adulto com tantos projetos e tantos compromissos. Queria compartilhar com vocês alguns desses momentos que marcaram essa caminhada.

Aceitar quando Precisamos de ajuda

É isso mesmo, eu sempre quis ser forte, resolver tudo sozinho, e quando a dificuldade vinha, eu colocava mais força e mais rigidez, para eu sentir que podia resolver as coisas sozinho e não precisava de ninguém.

Depois de várias tentativas percebi que minha vida estava muito longe de ficar do jeito que eu gostaria, aí caiu a ficha que sozinho eu não conseguiria “resolver” e que eu precisava de ajuda. Isso para mim foi muito difícil de aceitar, principalmente porque não fazia sentido para mim, querer ser mais forte para superar os meus problemas, assumindo que era “fraco” por não conseguir fazer isso sozinho.

Esse foi um dos aprendizados mais significativos para mim, que não tem problema nenhum aceitamos nossa “fraqueza”, de assumir os nossos medos, de chorar e poder pedir ajuda. Essa abertura me fez procurar um terapeuta, procurar um grupo de apoio e a cada dia eu tenho encontrado mais pessoas que me deem apoio, que segurem na minha mão e que me mostrem que eu não estou sozinho, e que ninguém está.

Agir de acordo com cada momento

Outro ponto muito importante foi perceber como somos induzidos a repetir padrões. Parece uma forma ecológica que a natureza aprendeu a evoluir e que nos trouxe até aqui, mas foi muito importante perceber como essa repetição pode nos limitar e aprisionar em lugares e com pessoas que não nos representam mais.

Uma coisa muito importante de todo esse processo, foi começar a reconhecer o que não é meu (é meu, mas não é meu, mas isso é uma longa história). Quero dizer, atitudes que temos que são baseadas em experiências passadas registradas em nosso corpo e executadas quando os gatilhos são apertados.

São movimentos que são repetidos, por nós, que estão registrados no nosso subconsciente, como fatores culturais, sociais e de experiências da nossa história que nos fazem agir sem pensar, executar códigos pré-programados registrados, fazendo assim repetirmos padrões sem refletir sobre nossas ações, como autômatos! 

Perceber isso, me trouxe um sentimento de que não me conheço, e percebo que isso não só automatiza muitos dos meus movimentos, mas também reprimiu muitos dos meus desejos e sonhos.

Acolher suas sombras

Muitos desejos, loucuras, sentimentos, vontades, caprichos, carências, medos, tudo isso quer nos levar a um lugar, quer mostrar algo, algo de importante, que precisa ser visto com um novo olhar. Essas  sombras, ou seja, aquilo que você não quer olhar, por que a sociedade diz que é feito, ou sua família, seu trabalho, ou até mesmo seu país, tudo aquilo que sai do padrão do “normal” é seguido sempre de um movimento de repressão não só de fora, mas de você mesmo.

Nesse movimento, você vai colocando camadas e mais camadas cobrindo essas sombras a fim de não olhar para elas, até chegar a um ponto onde o corpo sufocado vai querer respirar e vai expressar essa asfixia de alguma forma.

Por isso, precisamos prestar atenção no nosso corpo e nas nossas emoções, quando nossa fala fica presa como se estivéssemos com a boca tampada ou quando nossos movimentos ficam automáticos como se fossemos robôs ou nosso coração fica apertado e fechado para o mundo como se não existissem belezas da vida, precisamos escutar o que o corpo está falando e às vezes até gritando para você olhar para ele, prestar atenção em toda a confusão interna e “externa” ao seu redor, principalmente por que o externo sempre é uma projeção do nosso interior.

Esse movimento é necessário, mas muitas vezes não queremos olhar, pois olhar para isso tudo, à primeira vista, parece causar ainda mais mal estar e dor. Mas quando você aceita olhar e faz esse movimento contrário, deixando tudo isso vir à tona, você está dando oportunidade de ressignificar e acolher tudo isso.

Fazer o que tem que ser feito

Exatamente isso, não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje! Isso não tem somente haver com preguiça não. Isso tem haver com coragem, isso tem haver com mudança, isso tem haver com vontade de viver.

Percebo que a vida precisa de movimento, ela pede movimento. Mesmo que sejam um bocado de coisas bobas, que você estava afim de fazer, isso tem que ser colocado para fora. Não se pode ir deixando, e deixando as coisas sem resolver, mesmo que você perceba depois que não foi a melhor das soluções, mas está feito e você está pronto para ir em frente, isso vai acabar destravando algo em você e você vai poder aprender com isso e seguir.

Para poder passar por isso é importante também perceber a importância do “erro” no processo de aprendizado, aceitar os erros como degraus. E a dica é não ter medo de errar, e aí nesse sentido você vai ter que trabalhar sua autocrítica, e ser mais flexível e leve com você mesmo.

Considerações Finais

Sinto que cada novo aprendizado me possibilita um olhar diferente para as mesmas coisas da vida, como se nada no mundo mudasse, mas somente a minha consciência sobre todas essas experiências vividas e repetidas durante milhares de anos.

Cada novo olhar me liberta e me aprisiona, esperando um outro novo olhar, como um trabalho constante de libertação, um processo de aprendizado agarrando e soltando as coisas sem muito apego. Acredito que desta forma a caminhada pode ficar mais leve, trazendo menos dor e sofrimento e com menos perigo de nos quebrarmos no caminhar.

No próximo post vou falar um pouco mais sobre as nossas expectativas, como projetamos isso nas coisas e pessoas com o objetivo de preencher esse nosso vazio interior, quais os problemas que isso tudo nos traz e como o movimento de liberar nossas expectativas e projeções nos abre para infinitas possibilidades, nos tirando das prisões das repetições inconscientes.

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Thalita Michelle
Thalita Michelle
3 anos atrás

Perfeito… Parabéns Átila, me vejo em vários pontos a serem quebrados 👏👏

Num sei que la
Num sei que la
2 anos atrás

O comeco de um livro.
Um espelho.

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