Meu Filho é um Youtuber. E agora?

Esse mês aconteceu algo interessante. O Victor chegou a 800 inscritos no canal do Youtube dele. Esse acontecimento me deixou entusiasmado, mas também me trouxe uma série de preocupações e gostaria de compartilhar com vocês algumas delas.

Com isso me veio a mente que preciso acompanhar melhor o que ele está postando; o que a audiência dele vem comentando; e como ele reage em relação a isso. Enfim, vários questionamentos para tentar entender se essa experiência está sendo saudável para ele e como eu posso acompanhar e orientá-lo nesse processo.

Conteúdos

Pontos Positivos do Youtube

O Youtube, para mim, é o maior canal de comunicação com o mundo. Eu mesmo consumo conteúdos do Youtube diariamente. Tem todo tipo de conhecimento que procuro de forma muito simples e direcionada ao que estou procurando. É um lugar onde me possibilita conhecer e aprender sobre tudo que desejo.

Sobre essa questão percebo que ele já descobriu que no Youtube ele consegue aprender sobre tudo que ele quiser. Como se fosse o oráculo que responde todas as suas perguntas. Isso o fez um autodidata com apenas 8 anos. Já peguei ele assistindo vídeo tutoriais no Youtube aprendendo como programar scripts para os seus jogos do Roblox.

Além do estímulo a criatividade e comunicação, pois ele está sempre produzindo novos conteúdos e pensando em como pode melhorá-los ele consegue acompanhar o seu resultado e progresso do seu canal, onde ele é que ele entendeu que se ele tiver constância e comprometimento nas coisas que ele se destinar a fazer ele vai conseguir conquistar os seus objetivos. Vai lá Victor. Rumo aos 100k inscritos! :-). Quem quiser ajudá-lo nesse objetivo, se inscreve lá no canal dele no Youtube.

Sei que ele poderia perceber isso se dedicando a qualquer outra coisa: música, esporte, artes etc, mas como ele sempre gostou muito das coisas tecnológicas o Youtube e os games fez mais sentido para ele hoje.

Pontos de Atenção

Muitas instituições e especialistas já têm alertado sobre os problemas da exposição excessiva às telas, redes sociais e games e isso me preocupou um pouco. Quem tiver interesse pode seguir para as referências que coloquei no final deste post.

Um dos principais pontos é a questão da quantidade de propaganda e marketing o qual ele é exposto, que além da propaganda explícita tem aquela que acontece de forma subliminar, diluída no conteúdo. É perceptível que por trás tem empresas “doando” produtos e pagando quantias em dinheiro para promover seu produto.

Tive uma conversa com ele sobre esse assunto, pois frequentemente ele estava me pedindo para comprar coisas. Toda semana era uma coisa diferente. Tentei mostrar para ele que o que ele vê no Youtube é um pouco diferente da realidade, lá eles fazem o maior estardalhaço quando estão jogando, gritando, brincando e quando ele vai jogar é outra coisa.

Ele mesmo me disse, certa vez, que era mais divertido ver o pessoal jogando do que jogar. E ele ter percebido isso foi algo importante, pois ele ficou mais seletivo no que vai me pedir e já mostra que ele consegue entender que há uma diferença do que ele vê no virtual e o que é de verdade.

Um outro ponto que conversei com ele, foi sobre o formato de comunicação que alguns Youtubers usam: gritando muito ou fazendo muito estardalhaço. Percebi que ele estava trazendo isso para o comportamento dele, falando muito alto. Ao mostrar isso para ele, pedi para não assistir mais esses Youtubers e elogiei outros que ele assiste que tem uma comunicação mais interessante.

Por último, mas não menos importante, foi a questão do tempo de exposição a essas mídias. Tem várias recomendações falando sobre tempo de exposição as telas, que em geral não passam de 2 horas por dia. Mas refleti sobre o assunto e decidi fazer pequenas mudanças e ir diminuindo mais se achar necessário.

Então fiz o seguinte. Separei em três partes o tempo dele durante o dia, para que tivesse estímulos diferentes:

Durante a manhã: é o horário das atividades do colégio. Assistir as lives e fazer as tarefas;
A tarde: é o tempo livre dele. Ele está liberado para os games, Youtube, criar os jogos no Unity ou Roblox Studio etc;
A noite: é hora de diminuir o ritmo e fazer coisas diferentes, que ele não fez por opção própria durante o dia: ler, escrever, desenhar, assistir desenhos, meditar, dançar. O que vir a telha!

O fim de semana, ainda não consegui fazer o que gostaria, pois acabo tendo que resolver algumas pendências que não consegui fazer durante a semana, mas penso que seria o momento de interagir com outras crianças (visto que no momento atual de pandemia ele não está indo ao colégio), interagir com a natureza e se desconectar um pouco. Ficar offline!

Considerações Finais

Queria deixar claro que esse é o formato que estou testando, e que faz sentido para mim nesse momento e que tudo na vida é um processo e vamos aprendendo durante ele. Nesse sentido, cada um tem que olhar para si e para o seu filho para perceber o que faz sentido para vocês e, em cima disso, ajudá-lo a fazer boas escolhas de atividades e tentar dosá-las trazendo sempre a oportunidade de contato com novas experiências e aprendizados.